09/11/2013

Presença de Pai João da Guiné

Postado Por: Unknown As sábado, novembro 09, 2013 Em | Sem Comentarios

PRESENÇA DE PAI JOÃO DA GUINÉ


Quem nunca viveu maus momentos na vida?

Quem nunca sofreu?
 
     Que nunca sentiu na pele o poder de uma injustiça? Muitas vezes falamos palavras bonitas, cheias de floreados e de amor, de humildade, tentamos ajudar os outros e dentro de nós encontram-se múltiplos terramotos em tamanha escala e consequentemente suas réplicas atrás de réplicas.
 
     Quando decidi criar esta página, este Templo, uma vez que todos nós temos nosso templo em nosso íntimo, decidi também, que esse mesmo templo devia ter um “anexo” com uma janela para o exterior para mostrar a outros irmãos, filhos de Seta Branca nosso Pai, que há sempre alguém igual a nós, e outros em situação pior.
 
     Começou como Diário de um Jaguar do Vale do Amanhecer, pois como não era apenas uma página de colagens de textos já escritos por nossa querida Mãe, seria também a combinação de minhas vivências, alegrias, desgostos e aprendizados junto de nossos mentores, decidi passar a chamá-la tal como o perfil – Sou Jaguar – Vale do Amanhecer.
      
     Recebi essa necessidade de escrever, de passar a palavra, num dia que uma voz se acercou da minha cabeça cheia de outras vozes constantemente em gritos mudos e não me deixavam pensar em mais nada.
Assim foi, entre muitas dúvidas, incertezas, decidi avançar. Entre as centenas de páginas ligadas ao Vale do Amanhecer, esta seria mais uma, que na minha fé, nem que fosse apenas um ou dois a ler, já seria bom.
 
     Uns lêem, outros comentam, outros clicam no gosto. Temos crescido diariamente. Vejo nas estatísticas que a página me oferece, que certas coisas que escrevo chegam quase as 700 visualizações, ainda que sejamos apenas 175 irmãos aconchegadinhos neste cantinho.
 
     Sinto-me feliz como uma semente que foi plantada na terra. Numa terra nem muito funda, nem muito à superfície. Teve lentamente que crescer, evoluir, ganhar alguma vitalidade na raiz e ir rasgando grão a grão da terra seca que outrora fora ensanguentada pelo suor de dor de nossos antepassados.
 
     Enquanto escrevo esta passagem, sem desfazer o carinho que tenho por todos os que acompanham esta página e me agraciam com seu calor, tenho o nome de três pessoas que batem constantemente em ricochete nas paredes de minha cabeça como se fossem uma bola saltitona sempre sem parar: Máricia Rocha, Vanda Santos e Dac Santana.
 
     Hoje, veio até mim Pai João da Guiné. Na sua simplicidade, vendo tudo aquilo pelo que tenho sofrido na minha caminhada, em breves palavras me perguntou se eu sabia o que era um pão para uma família de 20. Sem me dar tempo a resposta, me respondeu que era uma festa, uma alegria.
 
     Depois, perguntou-me se eu sabia o que era uma família de 20 sem esse mesmo pão. Não respondi, ele também não…
 
     Vendo aquela sensação de quase derrota dentro de mim, (pois ultimamente parece que tudo vem ao mesmo tempo), contou-me que para encontrar os melhores grãos de café, era preciso procurar e procurar e procurar. Não podíamos esperar que eles viessem ter à nossa mão, porque isso nunca iria acontecer.
 
     Temos que pegar em nossa catana e ir no mato grosso cortando e cortando. E quando minhas feridas começarem a sangrar, dos cortes do mato cerrado e das bolhas que a catana faz, me perguntou o que eu fazia. Voltava para trás ou se ficava ali quieto esperando.
 
     Eu respondi que segui-a em frente. Pois voltar para trás, não havia muito que esperar. Ficar parado não ia solucionar, acabaria por morrer ali no meio do mato, então enquanto tivesse forças havia de continuar sangrando mato dentro.
 
     Salve Deus. Para a frente é que é o caminho disse ele. O Homem, não caminha com os dois pés ao mesmo tempo. Caminha seguro, passo após passo para ter equilíbrio. E cada vez que a catana foge e bate no pé e ele sangra, que sirva de lição para que mais à frente nos lembremos que lá atrás fez doer, fez sangrar e que não podemos voltar a repetir. Sabemos o resultado, caso contrario voltarás a acertar no pé.
 
     Feliz aquele que tem amor, e que vive com sua companhia esse mesmo amor. Feliz daquele que vê nos espinhos a beleza de uma rosa e não numa bela rosa defeito de ter espinhos. (achei lindo)
 
     Fez-me entender que nem sempre o bom, será realmente mesmo bom. Que por vezes, o mau também não tem propriamente que ser mau.
 
     Por vezes, tem que acontecer coisas más, que nos fazem sangrar por dentro, para que depois, como consequência dessas mesmas coisas más, consigamos receber e tirar partido de coisas boas.
 
     Suas palavras, tiveram logo um efeito em mim como uma injecção intra-venosa ou intra-muscular, de efeito rápido, que por muito alérgico a seringas que seja, fez-me logo recordar baixinho no meu pensamento que se não fosse o lado mau, hoje não estaria aqui nesta doutrina. Que se não me tivessem batido no carro, não tinha chegado o dinheiro do seguro para arranjar a transmissão que partiu e fez parar o carro de vez por falta desse dinheiro. Entre muitas outras coisas…
 
     Alertou-me para aquela velha historia, que em tempos me foi contada por Vovô Agripino. A história da águia que a determinada altura de sua vida, se recolhe nas montanhas e retira com seu bico garra a garra de suas patas. Depois, parte seu bico contra uma pedra e fica ali esperando, passando por este processo doloroso, esperando que novamente renasça em si a nova capacidade de ser uma Águia bela, voadora e capaz de caçar. Uma nova vida, uma nova Águia, no seu mais belo esplendor.
 
     Assim ela renasce, entregue a si mesma, em suas dores, para começar do zero já numa idade avançada. 
    
     Assim somos nós, sem deixar a catana acertar novamente no pé.
 
     O que está lá atrás, assim ficou e deve ficar. Em frente é que é o caminho, pé ante pé.
 
     E assim se despediu, esfumou-se à minha frente e quem sabe se um dia voltará.
 
    Como conclusão, triste é aquele que não tem um prato de sopa para dar a um filho, que não cresce na sua capacidade de melhorar e só se afunda em valores materiais…
    
    Foi mais um recorte deste diário que decidi, neste dia importante partilhar com todos vós, ainda que na minha cabeça se fixassem aqueles nomes por breves palavras que fomos trocando ao longo desta curta caminhada.
 
    Acredito que Pai João da Guiné esta feliz, sabendo que suas palavras, tocarão em muitos outros corações que como o meu, hoje estava triste.
  
    Aquele que não perde a fé, será sempre um Líder em sua vida terrena, material e espiritual.

    Obrigado a todos os que desse lado caminham comigo nesta Doutrina de Seta Branca nosso Pai.
Compartilhar : Facebook Twitter Google+ Linkedin
Comentários
0 Comentários

0 comentários:

Enviar um comentário