06/01/2014

Anotações Diversas De Tia Neiva

Postado Por: Unknown As segunda-feira, janeiro 06, 2014 Em | Sem Comentarios
ANOTAÇÕES DIVERSAS DE TIA NEIVA

Certo dia, cheguei em casa e encontrei minha filha Carmem Lúcia com um dente inflamado, o rosto bem inchado. 


Fiquei aflita para tomar alguma providência, porém “alguém” me puxou para trás. Atirei-me contra minha filha, descompondo-a, até que perdi os sentidos. 

Quando voltei a mim e soube do ocorrido, entrei novamente em conflito. Só que, desta vez, tinha sido pior: havia atingido minha própria filha, que era uma das razões de toda a minha luta. 

Meus filhos eram, para mim, como o sangue que corria em minhas veias. Fiquei tão envergonhada que passei a maltratá-la ainda mais!

Foi quando um casal de Pretos Velhos se projetou em minha visão. Eram Pai João e Mãe Tildes, que me disse:

- Vamos dar um passe em Marcinha. Sim, Carmem Lúcia é Marcinha, filha de Márcia, um grandioso espírito que está nas alturas. Ela está muito aborrecida com o que vem acontecendo com sua filha, e está disposta a matá-la para levá-la consigo.


Pulei sobre Carmem Lúcia, num gesto de obsidiada, e incorporei. Quando recobrei a consciência, havia um médico – Dr. Calado – com uma injeção na mão, ao meu lado. Apesar do seu nome, ele falava muito. Voltei a incorporar, não sei durante quanto tempo, e quando desincorporei Carmem Lúcia estava deitada no meu colo e, calma, me disse:

- Mamãe! Mamãezinha! A senhora está bem?

- Eu que lhe pergunto, filhinha: está melhor?


- Sim, mamãezinha! Um espírito disse que veio para me levar. Depois, veio um outro, me deu um passe e se foi, passando toda a dor.
- Veio para matá-la? – voltei a perguntar.
Pai João interrompeu-me severamente, não me deixando concluir:


- Basta, Neiva! Você já abusou demais. Puxe pela sua individualidade. Não é a primeira vez que vem, nesta Terra, como clarividente!
Não tendo visto Mãe Yara, preocupada perguntei:


- Onde está Mãe Yara, a Senhora do Espaço?
- Não virá mais aqui! – continuou Pai João enérgico – Não virá pelo seu desrespeito para com os espíritos. 


Porém, eu vim para ensiná-la. De hoje em diante, terá eu e Mãe Tildes junto a você. Exijo, filha, o maior respeito com os espíritos, sejam de Luz, sejam sofredores.

- Sofredores? – explodi – Esses demônios que a Igreja denuncia e condena?
Dei uma grande gargalhada de deboche e, logo, recebi um impacto no rosto, tão violento que comecei a chorar.
- Isto é para despertá-la para sua felicidade. – falou o Preto Velho – Se continuar a cair no padrão dos espíritos sofredores, poderá ficar louca.
Meu rosto pegava fogo. Com raiva, disse:
- Tenho ódio de espíritas! Como me obriga a ser espírita?
- Filha, ninguém lhe obriga. Os espíritas são portadores de diversos tipos de mediunidade, mas você carrega todas, exceto a do olfato. Além do mais, você tem a missão de desenvolver o Doutrinador de força cabalística.


Pai João prosseguiu, e fiquei sabendo todo o meu roteiro na missão com o Doutrinador.
Sim, meu filho Jaguar! A cada dia eu mais me convencia de que a fé é algo transcendental. É amor e ternura, inato para uma pobre criatura que se criou sob a energia dos velhos coronéis do sertão nordestino, que era castigada se mentisse ou se tivesse medo de andar no escuro... 


Não podia ter medo! Só acreditava naquilo de que eu pudesse dar testemunho. Minha criação era um dos motivos de meus conflitos. Salve Deus, meu filho Jaguar! A missão caminha junto com o missionário. Veja onde fui parar...

(...)

Voltemos, filho, a 3 de julho de 1950, quando eu estava completando um ano de viúva. Fazia, exatamente, um ano. A partir de 3 de julho de 1949, quando Raul Zelaya Alonso morreu, me deixando com quatro filhos – Gilberto, com 5 anos; Carmem Lúcia, com 4; Raul Oscar, com 2 anos; e Vera Lúcia, com 11 meses – e com minha afilhada Gertrudes, fiz o meu mundo, ou melhor, fizemos o nosso mundo, e tudo de bom surgia entre mãe e filhos...


Salve Deus

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